Quando a ciência de ponta fortalece a Educação: um novo ciclo de Pedro Rosalen no país

Pedro Luiz Rosalen figura, há alguns anos, entre os nomes mais influentes da ciência mundial. Suas pesquisas, que atravessam a farmacologia, a bioprospecção de produtos naturais, a cariologia e a microbiologia, sustentam uma trajetória que o posiciona, consecutivamente, nos rankings internacionais mais respeitados — Stanford/Elsevier, AD Scientific Index, Research.com e outros. Em 2020, integrou o seleto grupo dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo, segundo a PLOS Biology. Em 2021 e 2022, esteve entre os 500 pesquisadores mais produtivos da América Latina. Em 2023, foi novamente listado entre os principais cientistas do planeta, ocupando, dentro da UNICAMP, lugar de destaque em citações, impacto e liderança acadêmica. Seus 270 artigos internacionais, as dezenas de patentes e os prêmios de reconhecimento mundial — Joseph Lister Award, Edward H. Hatton Award, Zeferino Vaz, entre tantos outros — compõem a moldura de um pesquisador que alcançou a excelência acadêmica em escala global.

Mas essa projeção internacional não se sustenta apenas em números. Ela se alimenta da densidade de um trabalho que sempre caminhou na fronteira entre ciência aplicada, inovação e compromisso público. Rosalen ajudou a consolidar campos de investigação sobre o uso terapêutico de derivados naturais, sobre mecanismos inflamatórios associados a doenças bucais e sistêmicas e sobre os impactos clínicos e epidemiológicos de biofilmes microbianos. Seu nome circula em laboratórios e universidades em diversos países. Sua consultoria científica orienta agências de fomento de alto rigor. E sua experiência acumulada o tornou referência em boas práticas de pesquisa, ética em ciência e formação de jovens pesquisadores.

Essa trajetória, entretanto, não se contenta com a consagração acadêmica. Nos últimos anos, Rosalen produziu um movimento raro entre cientistas de renome internacional: deslocou parte de sua energia intelectual para pensar e agir no campo da Educação. É um gesto que surpreende quem o acompanhou exclusivamente pela via científica tradicional, mas que se explica pela leitura que ele próprio faz do nosso tempo: não há futuro para a ciência sem escolas fortes, sem professores preparados e sem uma juventude alfabetizada cientificamente.

Essa inflexão se manifesta com clareza desde 2020, quando Rosalen passou a atuar na interface entre Ensino de Ciências da Saúde e Educação Científica. O movimento não foi episódico, mas transformou-se em agenda. E dessa agenda emergem dois marcos importantes: o Programa Expo Science Health, criado no âmbito da Rede MD, e a orientação do doutoramento de Letícia Moreira Viesba, coordenadora do CMD, onde realiza pesquisa dedicada à prevenção ao uso de drogas e às políticas de redução de danos na educação básica.

O Expo Science Health nasceu com a ambição de aproximar a escola do universo científico, mas não por meio de atividades superficiais. A proposta construída entre os professores Everton, Marilena e Pedro Rosalen foi criar um programa capaz de mobilizar rigor, investigação e conexão social — algo equivalente às Feiras de Ciências internacionais, mas com ênfase na saúde, no comportamento, no cuidado e na formação crítica. O programa articula estudantes, professores, pesquisadores e instituições, compartilhando experiências que motivam e inspiram a investigação científica. Trata-se de uma iniciativa que desloca a ciência do laboratório para o cotidiano e a formação.

Essa vocação formativa se amplia na pesquisa doutoral de Letícia Moreira Viesba, orientada por Rosalen. Neste campo social marcado por estigmas, moralismos e políticas historicamente ineficazes, o projeto se estrutura com base em evidências científicas sólidas no desenvolvimento da pesquisa que envolve prevenção ao uso, redução de danos e formação docente.

Fatores adicionais, como a experiência de Pedro Rosalen como Coordenador-Geral de Expansão e Gestão da Educação em Saúde do Ministério da Educação reforça ainda mais essa articulação entre ciência, política pública e formação humana. Sua participação direta no Mais Médicos, um dos maiores programas de provimento e fixação de profissionais da saúde da história do país, evidencia sua capacidade de transformar conhecimento científico de ponta em políticas consistentes, com impacto direto sobre comunidades vulneráveis.

Ao explicar a atuação da pasta no programa, Rosalen destaca o papel estruturante da supervisão acadêmica. O MEC, diferentemente do que se supõe, não se limita a autorizar vagas ou realizar contratações. Ele atua na base formativa, acompanhando a qualidade do atendimento e garantindo que os médicos enviados aos territórios de maior carência tenham uma formação supervisionada e continuada. Esse acompanhamento, antes estruturado em três anos, agora se estende para quatro, ampliando a maturação clínica e humana dos profissionais.

Essa articulação entre ciência e educação, consolidada pelo professor Pedro, o insere na Rede MD em uma perspectiva de formação docente que ultrapassa disciplinas específicas. Trata-se de uma aposta em uma formação que desenvolve professores como leitores de contextos, investigadores de seus próprios problemas e mediadores de cuidado. E essa aposta é coerente com sua própria trajetória científica: uma ciência feita para transformar realidades, não para habitar apenas revistas indexadas.

Deste modo, celebramos o novo reconhecimento internacional do professor Pedro Luiz Rosalen e reafirmamos nossa expectativa pela continuidade de projetos de grande relevância na Rede MD, fortalecendo uma ciência socialmente comprometida e uma educação capaz de transformar realidades.