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POR QUE PROFESSORES CONTINUAM SENDO PROFESSORES?

Este artigo certamente é para reverenciar o que há de bom na educação. Principalmente sob o olhar do professor que, nos últimos anos tem vivido com muitas angústias. As notícias desanimam algum estudante que esteja escolhendo sua profissão e pensando em se tornar um professor. Muito se lê sobre a falta de respeito dos estudantes, violências verbais, físicas e infelizmente até casos de morte. O assédio de todas as partes, desde a gestão até a diretoria de ensino, pais e alunos.


Vamos esquecer por um instante tudo que há de negativo e refletir sobre o ponto chave que pretendemos discutir: o que faz com que os professores sigam em frente diante de tantos desafios?


Para iniciar essa reflexão, é necessário pensar sobre os motivos que levam alguém a escolher uma carreira como a de professor. O salário não é um dos mais atraentes. Todavia, a possibilidade de contribuir com a formação e a transformação de um indivíduo é algo muito valioso. Esses momentos mostram que cada esforço, cada aula preparada com cuidado e cada conversa de apoio realmente fazem a diferença. Mais do que formar estudantes, educar é inspirar pessoas.


Não é como ter uma missão ou um dom de vida, é um objetivo almejado pela própria profissão. Espera-se que o professor seja alguém que tenha as habilidades e competências para ser capaz de guiar crianças e adolescentes para um futuro melhor. De fato, é um grande desafio e também uma grande motivação. Temos a responsabilidade de mostrar a esses jovens que ainda estão em formação e que não têm a maturidade suficiente para perceberem a importância dos estudos para o seu sucesso como cidadão.


Isso é especialmente importante em situações difíceis, como lidar com alunos agressivos ou rebeldes. Nessas circunstâncias, a persistência e a busca por novas abordagens podem eventualmente levar a transformações surpreendentes nos estudantes. Nós, professores, nos dedicamos exaustivamente a cumprir essa meta com excelência. Persistimos dia após dia, aula a aula nos esforçando para atingir ao máximo essa conscientização em todos os alunos. É um trabalho de formiguinha e que demanda muito tempo para percebermos os resultados. Só que mesmo demorado, eles chegam.


Quando encontramos um estudante que já se formou e ele se lembra de nossas aulas com carinho, não economiza elogios para dizer o quanto é grato pelo aprendizado que proporcionamos a ele e que está onde está muito por nossa insistência, pelas broncas, mas sobretudo porque nunca desistimos dele, isso não é possível quantificar e alegra a nossa alma simplesmente por termos feito um bom trabalho.


Aliás, este é outro ponto a ser abordado: o afeto! Ah, esse sim é mais rápido de ser percebido. Basta um andar despretensioso pelo pátio da escola em que você trabalha para perceber do que estamos falando. A cada poucos metros percorridos, já é possível observar alguns alunos correndo ao nosso encontro gritando: professor, professor e, então, nos dá um abraço, um aperto de mão, um cumprimento de toque e pergunta: hoje tem sua aula? Também ouvimos muito: professor, sua matéria é a minha preferida. Eu fico aguardando a semana toda para ter a sua aula. Você é o melhor professor!


Claro, todos têm os seus preferidos, e todo professor é o preferido de muitos deles. Esse afeto é parte do ambiente escolar. Não há como educar sem essa proximidade, com distanciamento e frieza. Precisamos ganhar a confiança dos estudantes para maximizar o potencial das nossas ações de transformação.


Também tem aquelas situações que são mais difíceis, por exemplo os alunos que têm perfil agressivo ou rebelde. A primeira vontade que nos dá é de ir embora, nunca mais voltar e desistir de tudo. Parece que tudo o que fazemos não faz diferença para eles. Vamos tentando outras técnicas, conversas, solicitamos apoio da família. Parece ser um caso perdido. Todavia, muitas vezes, parece que uma mágica acontece. Esse aluno, em determinado momento que nem conseguimos identificar exatamente, se transforma. Começa a ser menos impulsivo, presta mais atenção às suas explicações, participa mais das aulas, começa a fazer algumas atividades. Resumindo, muda expressivamente a sua postura. Claro, não é um milagre e não é sempre que acontece, infelizmente. Só que quando acontece também é uma explosão de felicidade para um professor.


Muitas vezes também nos tornamos referência. Um aluno quietinho, discreto que passa despercebido, chega de repente, entrega um bilhetinho “as suas palavras fazem diferença na minha vida”. Os olhos enchem de lágrimas, não é vaidade, é reconhecimento! Até mesmo as nossas broncas. Quantas vezes não achamos que algum jovem irá nos odiar por uma repreensão, uma advertência e o efeito é justamente o contrário. Talvez, eles esperem de nós o que muitas vezes não encontram em casa: pessoas que lhe mostrem o caminho correto a ser seguido. Ser amável não é apoiar suas atitudes incondicionalmente, é também mostrar os erros e corrigir suas falhas.


Essa confiança que, nós professores, conquistamos com esses alunos não é do dia para a noite. É um trabalho de aproximação, de respeito e empatia. Quando eles sentem que o que temos a oferecer é genuíno, nos dão a oportunidade de sermos um agente transformador em suas vidas. Na verdade, essa mudança parte deles mesmos, nós somos apenas um “gatilho”, uma inspiração que desperta nos adolescentes o que há de melhor neles mesmos. Nós plantamos uma semente que muitas vezes dá raízes.


Nosso impacto não fica restrito apenas a uma sala, uma turma, ou um momento, ele se espalha. Não ensinamos apenas matemática, história, geografia, também mostramos que a vida é feita de presença, coragem, amor e isso tudo se transforma em um conhecimento que não se apaga.


Claro que essa inspiração também é carregada de responsabilidade, já que o professor passa a ser observado intensamente, não tem espaço para erros. Somos analisados por nossas posturas, palavras e escolhas. Mas, é aí que os alunos também percebem que todos nós somos humanos, passíveis de erros, temos nossas inseguranças, angústias e frustrações. Isso torna essa relação ainda mais honesta e carregada de significados. Este é o lado mais bonito da profissão: não ser perfeito, mas ser verdadeiro. Mostrar que errar faz parte, que o aprendizado nunca termina, e que ensinar é, muitas vezes, também aprender. O professor que inspira é aquele que caminha junto, que escuta, que se mostra humano.


E quando essa conexão acontece, quando o aluno se vê no professor e o professor se vê no aluno, a educação deixa de ser apenas conteúdo. Ela vira encontro. Vira transformação. E isso, honestamente, é algo que dinheiro nenhum no mundo consegue pagar.


Ser professor é, sem dúvida, um desafio constante, mas também uma fonte inesgotável de satisfação e realização pessoal. Os professores são verdadeiros agentes de transformação, e seu trabalho vai muito além do conteúdo programático. Eles moldam futuros, inspiram mudanças e constroem um legado de conhecimento e humanidade que perdura por gerações.



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