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Dia dos Professores: Partilha, Colaboração e (Trans)Formação de Professores

Aos professores, flores, homenagens e formação de qualidade.


Começamos com música. Offenbach marcou o compasso e a Sinfônica de Zaragoza, lá da Espanha, levantou a cortina. O “Can Can” entra dançando no ouvido como um professor que arrasta as cadeiras na sala. É rápido. É vibrante. É quase uma coreografia da escola: chamada, tarefa, pergunta, apaga a lousa, pede-se silêncio. O mundo quer velocidade. O governo quer números e avaliações perfeitas. A escola pede fôlego. O professor, no meio, tenta respirar.


Na programação do Congresso Internacional Movimentos Docentes, a abertura seguiu com outra homenagem. N. Paganini, Caprice nº 5 Op. 1, na mão certeira do maestro, violinista e professor Bernardo Bessler. Virtuosismo não é exibicionismo. É disciplina a serviço do sentido. Lembrete oportuno para quem ensina em tempos de métricas apressadas. O CMD começa assim. Energia sem correria. Intensidade com compasso.


Entre ciência e democracia do conhecimento, Sigmar Rode discutiu Ciência Aberta com mediação de Pedro Rosalen. Bianca Amaro puxou as boas práticas de acesso aberto na pesquisa e produção científica, pois sem a circulação pública do saber, a escola e a universidade viram uma ilha. E ilha não sustenta país. A inclusão aparece com nome e chão: Sirlane Lacerda falou de quem ensina e aprende na Educação Especial. Ana Antunes trouxe a formação nas escolas do campo, Mateus Duarte provocou com alfabetização ecológica. Notamos que a palavra “inclusão” só ganha corpo quando pisa no território.


A inteligência artificial entrou em dois registros. Silvia Mara da Silva tensionou a perspectiva histórico-crítica para que o fascínio tecnológico não vire dogma. No diálogo “A educação em tempos de IA”, Artur Camargos, Rodolfo Magliari e Rafael Costa lembraram que frequência de dados não substitui frequência de vínculos. Metodologia também é urgência. Michel Thiollent cutucou certezas – discutiu pós-verdades. “Tempos de crise” convocou Rosimari Ruy, José Sergio Page e Daniel Paiva a fazer do movimento docente um ato de resistência. E quando se falou do papel das IEs na COP 30 com Dan Levi, Fernando Martins e Valquíria Bueno, ficou claro que universidade não pode chegar atrasada à história.


Chegamos ao Dia das Professoras e dos Professores. Antes das flores, veio a música que sabe abrir cortinas e consciências. “As Bodas de Fígaro”, com a Orquestra do Theatro São Pedro. Pois, como os professores, os clássicos também resistem à pressa. É o que nos lembra que aula boa tem andante, allegro e pausa. No mesmo dia, Pedro Demo atravessou universidade, governo e sociedade. Claudinei Jacobucci, Eubes Alves e Alexandra Lopes perguntaram o que é ser professor. Bianconcini, Wendel e Areas encararam a complexidade entre educação e algoritmos. Há saúde, corpo e escuta. Helen Theodoro trouxe à mesa a discussão sobre capacitismo. Musicalização infantil e processamento auditivo também entraram em cena com Rosangela Lambert, Vanissia Vendruscolo e Marcelo Saraiva. Enquanto isso, emergências na escola ganharam um olhar prático com o Theo. A literatura infantil também apareceu como todo o cuidado e a sensibilidade de Raquel Alves. Cuidar também é método.


Na quinta, a pauta do século. Walter Leal aproximou mudanças climáticas, saúde e educação. Não é moda verde. É diagnóstico. Gracy Dutra debateu educação antirracista na Educação Infantil enquanto Iure Barros denunciou a retração da escola pública. No PPGE-UNICID olhamos para as memórias e o futuro com Roberto Gimenez e Ecleide Furlanetto. A parceria do Instituto Politécnico de Leiria, Portugal, trouxe Sara Mónico Lopes, William Cantú, Sandrina Milhano, Jenny Sousa e Cristiana Madureira, que devolvem “inovação” ao seu lugar de melhorar a vida escolar. Tecnologias, só com mão na massa. O Notebook LM chegou com Francisca Auderlânia e Julio Passos. Educação ambiental com Lúcia Beatriz Ott. Literatura viva com Mariane Lima. O simples virou extraordinário com Cleide Evelin. O livro didático, em tempos de colapso da verdade, encontrou mediação com Marcus Vinícius de Morais. E o dia ganhou a moldura fria e precisa de Vivaldi: Four Seasons – Winter (L’Inverno)”, por Freivogel & Voices of Music. Para lembrar que no inverno da pressa, o calor do vínculo é que salva a aula.


Sexta é dia de fechar abrindo. Veronica Barcellos discutiu avaliação e formação de professores. Celso Vasconcellos perguntou como não desistir da docência, enquanto Ecleide Furlanetto desenhou “como nasce um(a) professor(a)”. A escuta universitária apareceu com Walter Ikeda, Rafaela Bolsarin e Ediana Vasconcelos. De Moçambique, Adriano Niquice lembrou a travessia de 50 anos. Andrea Nunes trouxe diálogos internacionais e a palavra “solidariedade” voltou a ser tarefa. E quando as luzes baixaram, um último presente para a semana. “Imagine”, de John Lennon, em piano cover.


Não, não é escapismo. É projeto. Imaginar é ensaiar o mundo que a escola e a universidade tanto prometem construir.


Volto ao princípio. Música e docência pedem a mesma ética do tempo. Cada instrumento entra na hora certa. Cada voz precisa de silêncio para ser ouvida. O CMD 2025 escolheu partilhar e colaborar para que a formação não seja ritual de horas, mas exercício de mundos. A pressa produz barulho. O compasso produz sentido. Entre uma homenagem e outra, ficou um recado. Conhecimento é bem comum. Professor é influência, não influenciador. E educação de qualidade é a única melodia que não sai de moda.


Se você leu até aqui, obrigado pelo tempo. Em tempos de rolagem infinita, atenção é gesto político. Que o dia a dia nos ajudem a afinar os ouvidos e a ter coragem. O resto é ensaio. E persistência.


Naturalmente, se esse vislumbre de programação te atiçou, assista-a por completo em: bit.ly/CMD25-programacao



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