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Ensino de Matemática: da Semana de Arte Moderna para os dias de hoje

Atualizado: 15 de jun.

O Colégio Olga Ferraz pode ser considerado um marco histórico para a cidade de São Paulo, uma vez que alguns intelectuais da Semana de Arte Moderna de 1922 passaram pelos corredores da instituição — nomes como Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Além do movimento artístico e literário, vale destacar também a luta da Fundação Cívico-Feminina, criada na década de 1930 por mulheres como Olga Ferraz, Olivia Guedes Penteado, Pérola Ellis Byington e Berta Lutz.


Pensando na ligação entre história e educação, podemos nos perguntar: o que mudou no ensino da matemática daquele tempo para os dias atuais? Uma das respostas possíveis está no próprio currículo escolar, que ao longo do tempo passou por diversas mudanças. O currículo define o que é ensinado em cada período, orientando o trabalho dos professores. Mas não é apenas o conteúdo que mudou. Os alunos também mudaram. A juventude de hoje é diferente, tem outros interesses, vive outros desafios.


Um desses desafios é o uso excessivo da tecnologia. Apesar de terem muito contato com celulares e internet, muitos jovens usam esses recursos apenas para redes sociais. Em alguns casos, isso acaba virando até uma dependência. E o que os professores podem fazer diante disso? Uma das saídas é criar atividades em grupo que envolvam outros tipos de habilidades e não dependam diretamente da tecnologia — como, por exemplo, o uso de jogos de tabuleiro nas aulas de matemática.


Mais do que aplicar um conteúdo, as escolas precisam valorizar o protagonismo dos estudantes. Quando os jovens têm espaço para criar, propor ideias e participar ativamente da aprendizagem, o envolvimento é muito maior. Projetos como a construção de jogos de tabuleiro mostram que o aluno pode ser autor do próprio processo educativo. Isso fortalece a autoestima, a cooperação e o senso de responsabilidade. A escola deixa de ser um lugar só de receber informações e passa a ser um espaço vivo de trocas e descobertas.


Seguindo essa ideia, no segundo bimestre de 2025, desenvolvemos um projeto com os alunos dos 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental II do Colégio Olga Ferraz. Os estudantes foram divididos em grupos e tiveram o desafio de criar um jogo de tabuleiro usando conteúdos matemáticos que aprenderam ao longo da vida escolar. Eles estavam livres para soltar a criatividade. As únicas exigências eram: criar o tabuleiro, montar um manual de regras e apresentar o jogo para os colegas, mostrando como ele funciona.


E o resultado? Foi surpreendente! Os alunos criaram jogos criativos, bonitos e, acima de tudo, educativos. Alguns desses jogos, inclusive, poderão ser usados futuramente para ajudar outros alunos com dificuldades em matemática.


Foram trabalhados vários conteúdos, como frações, expressões numéricas e algébricas, operações com monômios e polinômios, conjuntos numéricos e funções. Mas o mais bonito de ver foi o engajamento e o talento artístico que muitos alunos revelaram. Houve quem desenhasse, pintasse, criasse cartas e até nomes criativos para os jogos. Isso mostra que o ensino de matemática pode ir além das contas e fórmulas — ele pode dialogar com outras áreas e despertar habilidades que estavam adormecidas.


Aliás, esse diálogo entre arte e matemática já estava presente desde o tempo da Semana de 22. Artistas e pensadores da época buscavam quebrar barreiras entre saberes, misturando literatura, pintura, música e ciência. Ao trazer a criatividade para dentro da sala de aula, o professor não só atualiza sua prática, mas também resgata esse espírito inovador, mostrando que a matemática pode conversar com a cultura, com a arte e com a realidade dos alunos.


Teve até um grupo que marcou encontros fora da escola, em espaço cultural da região, para montar o jogo. Isso mostra que o projeto não foi só uma atividade escolar, mas também uma forma de incentivar a convivência, o trabalho em equipe e o acesso à cultura. Como professor da disciplina e pesquisador em universidade pública da área de ensino de matemática e de ciências, deixo uma pergunta para todos nós — professores, famílias, pesquisadores e gestores escolares: como podemos dar continuidade a esse tipo de projeto e ajudar nossos jovens a desenvolverem talentos que muitas vezes ficam escondidos com o avanço da tecnologia?



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