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A CULTURA DO IMEDIATO:DO STREAMING AO SIMULACRO

Cultura do Imediato


Abril de 2025 evidenciou um traço cada vez mais marcante da cultura contemporânea: a valorização do instantâneo. Do entretenimento à moda, passando pelas redes sociais e premiações, a lógica do “agora” molda não apenas o que consumimos, mas também como nos relacionamos com tempo, imagem e relevância. Enquanto plataformas de streaming tentam se reorganizar, o meme nacional volta a ganhar potência política, artistas digitais são celebrados em grandes palcos e a estética das marcas se confunde com a inteligência artificial. Estamos vivendo um momento em que tudo precisa parecer urgente — e isso não é coincidência.


A Nova Era Dos Streamings: Fusões e o Retorno ao Modelo Tradicional

Em janeiro de 2025, a DISNEY anunciou a fusão de sua plataforma HULU + LIVE TV com a FUBOTV, criando uma nova gigante no mercado de streaming ao vivo. A transação, que dará à DISNEY uma participação majoritária de 70%, visa combinar o conteúdo da HULU com o foco esportivo da FUBO, desafiando concorrentes como YOUTUBE TV e SLING. Essa movimentação sinaliza uma tentativa de captar um público que, cada vez mais, deseja eventos em tempo real — como esportes, shows e realities —, em vez de maratonas intermináveis de séries.


Enquanto isso, no universo da música, a UNIVERSAL MUSIC GROUP está sob investigação da Comissão Europeia por conta da tentativa de aquisição da DOWNTOWN MUSIC HOLDINGS. Avaliada em US$ 775 milhões, a negociação levantou preocupações sobre monopólio e centralização de poder na indústria fonográfica. Em um mercado onde o algoritmo decide o que escutamos, o controle sobre catálogos e licenciamento torna-se uma nova forma de dominação cultural.


Esses exemplos apontam para uma espécie de “volta ao passado”, mas sob nova direção: a era dos pacotes voltou — não mais via antena parabólica, mas via conglomerados digitais que disputam atenção em tempo real.


Memes e Abril: O Brasil como Laboratório Estético


O mês também foi fértil em fenômenos virais — e o BRASIL continua sendo uma potência memética. O “corecore de escritório”, tendência que transforma vídeos melancólicos sobre rotina de trabalho em colagens estéticas com filtros e música triste, chegou com força nas redes nacionais, traduzindo um cansaço coletivo com a vida performática do expediente. Ao mesmo tempo, o ressurgimento do ZÉ GOTINHA em campanhas de vacinação reacendeu um tipo muito específico de humor nacional: aquele que mistura política, personagem público e estética de edição no CapCut.


Outro destaque foi o meme “GUIANA BRASILEIRA”, uma sátira geopolítica que imagina PORTUGAL como uma província do BRASIL. A piada circulou com tanta força que virou estampa de camiseta e motivo de nota em veículos portugueses. A força desses memes não está apenas no riso, mas na capacidade de condensar crítica, imaginação e identidade em um formato replicável. Em um mundo de imagens rápidas, o BRASIL segue ditando ritmo e tom.


Moda e IA: A Estética do Simulacro


Na indústria da moda, marcas como BALENCIAGA e DIESEL estão reformulando a própria ideia de campanha. Mesmo quando usam fotografia tradicional, como no caso da BALENCIAGA primavera/ verão 2025 — assinada por ROE ETHRIDGE — o resultado remete a mundos sintéticos, como se fossem renderizações digitais ou cenários gerados por IA. A campanha mistura elementos tropicais com texturas surreais, quase como um papel de parede distorcido por um bug. A DIESEL, por sua vez, apostou em desfiles com estética digital futurista, aproximando ainda mais a moda do universo do simulacro.


Mais do que inovação estética, essas campanhas revelam uma nova lógica de desejo: não se vende mais roupa, vende-se a ideia de uma imagem. Uma imagem que nem precisa ser viável, apenas desejável — ou, no mínimo, compartilhável. O corpo real torna-se obsoleto diante da perfeição estilizada. É a estética do simulacro: tudo parece, nada é.


Abril de 2025 escancarou o quanto vivemos imersos na lógica do imediato. As plataformas de streaming buscam resgatar o ao vivo. As premiações celebram o viral. Os memes funcionam como crônicas aceleradas do cotidiano. E até a moda já não depende mais de matéria — basta ser imagem. Estamos em um tempo onde a cultura não apenas reage ao presente: ela depende dele para existir. O agora virou produto. E nós, consumidores da próxima notificação.



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